O presidente do Solidariedade, Eurípedes Gomes de Macedo Júnior, é acusado de liderar uma organização criminosa que desviou R$ 36 milhões dos fundos partidário e eleitoral. Ele está foragido após ter sua prisão preventiva decretada.
A investigação, que começou após as eleições de 2022, também envolve familiares de Eurípedes, suspeitos de serem “testas de ferro” do esquema. A lista de investigados inclui sua esposa, irmão, cunhada, mãe, primo, filhos e sobrinhos, alguns dos quais ocupam cargos de gestão no partido.
O documento de 95 páginas que autorizou a operação detalha como recursos repassados ao partido teriam sido desviados e usados para pagar viagens internacionais da família. Os destinos incluem Emirados Árabes, França, República Dominicana, Estados Unidos, México e Itália.
Segundo os investigadores, Eurípedes se apropriou do dinheiro do partido para custear passagens aéreas, hospedagens em hotéis de luxo e até cruzeiros. A Polícia Federal identificou uma transferência de R$ 100 mil para uma empresa de turismo em 13 de março de 2022, dias antes de Eurípedes ser afastado da direção do partido. Ele recuperou o cargo meses depois.
A nota de transferência menciona que o crédito era para ser utilizado em viagens nacionais e internacionais, locação de carro, hospedagem, salas de reunião e eventos, seguro viagem e bilhetes aéreos nacionais e internacionais. Os investigadores acreditam que Eurípedes buscou garantir um crédito com uma agência de turismo para custear suas viagens ao perceber que corria risco de perder acesso à gestão do dinheiro do partido.
Dois destinos em particular chamam a atenção da Polícia Federal: Miami e Orlando. Isso porque quase sempre as viagens aos Estados Unidos tinham escaladas prolongadas no Panamá, um paraíso fiscal. Os policiais federais vão investigar se a família mantém contas em offshores.
O fluxo de viagens e o paradeiro incerto de um helicóptero registrado em nome do PROS (partido que se fundiu com o Solidariedade) levaram o juiz Lizandro Garcia Gomes Filho, da 1.ª Zona Eleitoral de Brasília, a mandar apreender os passaportes de todos os investigados, por ver risco de fuga. A aeronave foi apreendida na operação.
A Polícia Federal também investiga se candidaturas laranja e contratos falsos com escritórios de advocacia foram usados para operacionalizar desvios.
Até a publicação deste texto, a reportagem buscou contato com a defesa de todos os citados, mas sem sucesso. O espaço está aberto para manifestação.