A Polícia Federal (PF) concluiu as investigações sobre o desvio de verbas federais da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e apontou o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, como suspeito de crimes graves.
A corporação acusa o ministro de supostos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O relatório da investigação foi entregue ao gabinete do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, na terça-feira, 11 de junho de 2024.
Agora, o ministro deve encaminhar os autos para a Procuradoria-Geral da República, para que ela se manifeste sobre uma eventual denúncia no caso ou peça novas diligências.
O indiciamento é resultado da Operação Benesse, fase ostensiva da investigação aberta em setembro de 2023. Na ocasião, a PF investigou a irmã de Juscelino, a prefeita afastada de Vitorino Freire (MA) Luanna Rezende. A corporação havia solicitado buscas contra Juscelino Filho ao ministro Luis Roberto Barroso, presidente do STF, mas a solicitação foi negada.
Em janeiro do ano passado, foi revelado que Juscelino Filho direcionou R$ 5 milhões do orçamento secreto para a prefeitura de Vitorino Freire asfaltar uma estrada de terra que passa em frente à sua fazenda, no município maranhense. A pedido de Juscelino, durante seu mandato como deputado federal pelo União Brasil, os recursos foram parar na prefeitura da irmã.
Loteada pelo Centrão, a Codevasf operacionalizou a distribuição de verbas do orçamento secreto. Ao menos quatro empresas de amigos, ex-assessoras e uma cunhada do ministro ganharam mais de R$ 36 milhões em contratos com a prefeitura de Vitorino Freire.
Em maio, uma auditoria interna da Codevasf concluiu que houve irregularidades em obras realizadas em Vitorino Freire com recursos indicados por Juscelino Filho. A conclusão se deu após a análise de dois contratos que totalizam R$ 8,988 milhões e tratam da estrada do ministro e outras ruas da cidade maranhense. A auditoria também constatou pagamentos indevidos para empresa contratada para as obras.
A reportagem busca contato com o ministro. O espaço está aberto para manifestações.