Radar Sigma Redação
A recente eleição para o Parlamento Europeu no domingo (9.jun.2024) trouxe um obstáculo significativo para a aprovação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Segundo Alberto Pfeifer, especialista em relações internacionais da Universidade de São Paulo, o crescimento dos partidos mais à direita na Europa tornará mais difícil o alinhamento ideológico com o governo brasileiro.
Pfeifer, coordenador do Grupo de Análise de Estratégia Internacional do IRI-USP, afirma que a nova composição do Parlamento Europeu fará com que outros temas ganhem prioridade, diminuindo a atenção ao acordo com o Mercosul.
No entanto, há fatores que poderiam contrapor essa dificuldade. Por exemplo, a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) poderia favorecer a aprovação do acordo com a União Europeia. No entanto, o processo de adesão à OCDE esfriou desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Outro obstáculo é a divergência em política externa entre o Brasil e a Argentina, as duas maiores economias do Mercosul. Enquanto o presidente argentino Javier Milei busca acelerar a entrada do país na OCDE, o governo brasileiro não demonstra o mesmo empenho.
Além disso, o governo brasileiro não prioriza acordos de livre comércio com blocos de países desenvolvidos, o que contraria o objetivo de estabelecer acordos como o do Mercosul com a União Europeia. Pfeifer destaca que a política externa do governo Lula busca maior integração com o Brics, mas questiona se isso resultou em mais empregos e investimentos.
Em resumo, a eleição na Europa reduziu a chance de um acordo entre o Mercosul e a União Europeia, e a falta de alinhamento ideológico e de esforços conjuntos entre os países do Mercosul dificultam ainda mais o processo.
